Carta do Gestor fevereiro 2025
EUA
A economia americana continua mostrando resiliência e crescendo de forma sólida. O PIB expandiu a uma taxa de 2,3% no 4T24, principalmente apoiado por gastos de consumo recorrentes. No entanto, o FED já indica que há uma possível moderação nos gastos dos consumidores, e que mantém o monitoramento cuidadoso dos indicadores de gastos das empresas e das famílias para entender como estes poderão afetar os gastos e investimentos futuros.
O mercado de trabalho, importante termômetro da economia, permanece sólido e adicionou 151 mil vagas em fevereiro/25, com uma taxa de desemprego de 4,1%, permanecendo baixa. Outro dado divulgado e de grande importância, correlacionado ao mercado de trabalho, refere-se ao crescimento dos salários que subiu mais que a inflação e em ritmo sustentável.
A respeito da inflação americana, as expectativas ainda permanecem acima da meta de 2%. Os dados do PCE aumentaram em 2,5%, dentro do esperado. No entanto, algumas expectativas de curto prazo ainda preocupam o mercado devida a sua elevação, excluindo daí as categorias de alimentos e energia que apresentam grande volatilidade.
Cabe ressaltar que a nova administração Trump está implementando uma série de mudanças nas políticas internas e externas, que trouxeram maior volatilidade aos mercados. Medidas que afetam o comércio, a imigração, políticas fiscais, guerra de tarifas e pressões geopolíticas, implicam num olhar mais atento e cauteloso nesse primeiro momento. O mercado segue na expectativa de que há espaço para a redução de juros na economia americana, mas de que não há pressa para tal, sendo importante acompanhar o resultado esperado das diversas medidas anunciadas, bem como dos cortes no orçamento federal anunciados por Elon Musk.
Zona Euro
A inflação da zona do euro encerrou o mês de fevereiro em 2,4%, levemente abaixo da inflação do mês anterior, e no mesmo patamar da inflação registrada em dezembro/24. A maior contribuição veio do setor de serviços, seguida do setor de alimentação, álcool e tabaco. Ainda que a inflação esteja acima da meta do BCE de 2%, este resultado não traz nenhuma preocupação adicional ao mercado, exceto às preocupações já mencionadas na carta anterior, a respeito do embate tarifário com os EUA.
Os mercados acionários performaram positivamente em fevereiro, com o Euro STOXX 50 subindo 3,34% e o índice DAX da Alemanha subindo 3,77%%, recuperando as perdas anteriores.
China
Apesar de mantidas as expectativas de menor crescimento do PIB Chinês, tanto para 2025, como para 2026, a atividade industrial mostrou melhor desempenho em fevereiro, elevando o PMI de 49,1, em janeiro, para 50,2. A inflação também registrou queda de 0,7%.
Apesar da China configurar como principal alvo de Donald Trump na política tarifária adotada em seu governo, Trump acenou ao governo chines que é factível um acordo comercial devido ao bom relacionamento que possui com o próprio presidente Xi Jinping. Apesar desse aceno são esperadas ofensivas de ambos os lados, o que mantém elevada a volatilidade dos ativos de risco.
Brasil
A Pesquisa Focus (10/3) divulgada pelo Bacen ainda revela que o cenário econômico permanece desafiador. A economia brasileira enfrenta um panorama de inflação em trajetória contínua de alta. As projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA indicam um aumento para 5,68% ao fim deste ano, contra uma elevação de 5,58% da pesquisa de 4 semanas atrás. Para 2026, a projeção da inflação é de 4,40%, acima dos 4,30% previstos anteriormente (1 semana).
A economia brasileira ainda se mostra refém pela busca da credibilidade fiscal com o crescimento das despesas obrigatórias no orçamento da união e a incapacidade do governo de buscar soluções por meio do controle das despesas.
Ainda, ressalta-se que o Brasil também está no rol das medidas tarifárias anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Como já dissemos, esse elemento tem potencial para desvalorizar ainda mais o real frente ao dólar.
Estratégias de gestão
Carteira de Renda Fixa
Ainda há reflexos da marcação a mercado sobre os ativos de renda fixa, decorrentes da recomposição dos prêmios, sobre a taxa de juros, e que voltou a se intensificar na segunda quinzena de fevereiro.
Permanecemos com as aquisições de títulos pós fixados, elevando seu percentual de exposição.
Carteira de Renda Variável
Fizemos novo rebalanceamento na estratégia, aplicando redução nas posições de RV, com aplicação de percentual em exposição cambial, via fundo. No momento, a alvo da exposição em RV nas estratégias ficou em: i) carteira conservadora 0%; ii) carteira moderada 10%; iii) carteira arrojada 15%; e, iv) carteira equities 80%.
Carteira internacional
Não foram realizadas alterações na estratégia, ficando mantidas as observações da carta anterior.
Conclusão
A permanência do cenário de inflação acima da meta e em trajetória de alta no Brasil, a redução da atividade econômica, refletida nas projeções de crescimento, e o cenário político conturbado exigem monitoramento contínuo e resiliência estratégica. Permanecemos comprometidos em analisar os impactos dos cenários externo e interno, promovendo ajustes necessários para o controle do risco.
Guilherme Sales
Gestor, CGA